De acordo com o motorista Melck Frank, o acidente ocorreu no momento em que ele se dirigia para fazer uma entrega de mercadoria no bairro do Bom Pastor. Ele contou que não ouviu a buzina do trem. “Não ouvi nada. Estava seguindo pela avenida e, quando estava em cima da linha do trem, foi que vi que ele estava muito perto. Acelerei para que a batida não fosse na cabine, mas não deu para escapar da colisão no baú”, explicou.
Com a colisão, o caminhão-baú invadiu uma residência.
Duas paredes e parte do teto do imóvel foram destruídas. No momento do acidente, o metalúrgico Clidenor Cavalcanti, 47 anos, estava deitado no sofá. “Estava descansando. De repente, ouvi um barulho e só deu tempo eu me afastar da parede. Graças a Deus estou vivo contando a história”, contou ainda dentro do imóvel.
A residência onde Clidenor mora pertence ao aposentado Manoel Francisco Ferreira, que mora ao lado da casa atingida. Ele contou que o acidente de ontem não foi a primeira colisão registrada naquela área. “Essa é a terceira vez que isso acontece. Das outras duas, não teve tanto estrago como dessa vez. Quero saber quem vai pagar esse prejuízo”, questionou. A casa de Manoel Ferreira também ficou com marcas da colisão. Uma parede ficou rachada e o teto apresenta danos.
No local da colisão não há cancela automática. Dois postes que deveriam fazer a sinalização da passagem de nível estão com as luminárias de advertência quebradas. A assessoria de imprensa da CBTU disse que não vai se pronunciar sobre o caso até que as causas do acidente sejam esclarecidas. Sobre a falta de sinalização adequada no local, a CBTU informou que sofre problemas de vandalismo naquela área. “Estamos sempre repondo a sinalização naquela área, mas, infelizmente, a própria população depreda os aparelhos. Temos um sério problema de vandalismo”, disse Rafael Albuquerque, assessor de imprensa da CBTU.
O titular da Delegacia Especializada em Acidentes de Veículos (Deav), Sérgio Leocádio, informou que o caso não está sob a responsabilidade dele. “Nós somos responsáveis por acidentes que envolvam vítimas com lesões corporais. Em casos de apenas lesões materiais, as pessoas geralmente recorrem à Justiça”, explicou.
Memória
O jovem Francisco Davi de Almeida Teixeira, 15, foi a vítima fatal de um acidente envolvendo o ônibus da linha 10-29 que seguia na Bernardo Vieira lotado, no cruzamento com a avenida Coronel Estevam e o trem que fazia a linha Sul, em direção a Parnamirim. A colisão ocorreu em 10 de julho passado. Esta é a terceira morte nas 12 colisões envolvendo trens urbanos em Natal este ano. O número de acidentes já é, em sete meses de 2013, o mesmo registrado em todo o ano de 2012. Além da vítima fatal, 22 pessoas ficaram feridas e foram atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
As imagens das câmeras de monitoramento da prefeitura mostram que quando o ônibus avança em direção a passagem de nível, a composição da CBTU já estava cruzando a primeira via da avenida (para quem vem no sentido zona sul/zona norte). Mas, uma árvore no canteiro central pode ter dificultado a visão do motorista. Isso quem deverá esclarecer é o inquérito policial.
Após colidir com o ônibus, o trem seguiu viagem. Segundo a assessoria de imprensa da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), esta é a orientação feita aos maquinistas. No dia do acidente, a Companhia disse que a medida visa garantir a integridade física dos profissionais, visto que acidentes envolvendo trens podem ter grande comoção social e causar revolta na população. A assessoria também informou que, nesses casos, o veículo ferroviário segue até a estação seguinte, onde a tripulação é substituída.
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