Nessa entrevista concedida a TRIBUNA DO NORTE, no dia da sua chegada, ele fala sobre o que pensa do futebol, como armar o América e tirar o time dessa situação e afirma que, só com trabalho é possível recuperar o clube dentro da competição.
Adriano Abreu
Novo treinador rubro chega ao clube sob pressão por melhores resultados e afirma que só o trabalho vai tirar o time dessa situação
Como é chegar a um clube que vem brigando na parte de baixo da tabela? O que você conversou com os jogadores?
Para mim, não existe novidade. Não é a primeira vez que chego em um clube que está nessa situação. Ano passado cheguei ao Joinville e o time era vice lanterna do campeonato catarinense, em cinco jogos tinha três derrotas e dois empates. Conseguimos reverter e terminamos brigando pelo título. Isso é uma situação normal. Recentemente, no campeonato paulista, pegamos o Red Bull na vice lanterna. O mais importante, nesse momento, é agregar todo mundo, ter essa união, todo mundo trabalhando da mesma forma. Por isso, tomei a decisão de manter toda a comissão técnica.
Mas, só união basta para formar um time?
O importante é todo mundo junto para, a partir daí, você começar construir um padrão de jogo, uma equipe como a gente gosta, competitiva, aguerrida, com uma transpiração, uma vibração muito forte dentro de campo. Agora, isso não acontece do dia para noite, precisamos de um pouco de tempo para adquirir tudo isso. No meu primeiro dia no clube já quis fazer um coletivo, conhecer os atletas de perto, porque não podemos perder tempo com nada.
Já conseguiu conhecer o elenco?
Alguns jogadores do atual elenco do América já trabalharam comigo em outros clubes e isso facilita um pouco. Acho muito importante ter o entrosamento de jogador com o técnico e vice versa. Então, sempre é bom saber os nomes dos atletas que estão no clube. Com calma e tranquilidade vamos implementando bem nossa forma de trabalhar.
O América vem sofrendo com a ausência de Cascata no meio-campo. Como armar o time sem o camisa 10?
São coisas normais do futebol e não podemos jogar as justificativas em cima da ausência de um jogador. Futebol é um esporte coletivo e não individual e precisamos de todos que estão aqui. Se fosse tênis era mais fácil, porque o atleta resolve sozinho. Aqui não. Precisamos do grupo todo.
Já decidiu que esquema tático vai utilizar no América?
Às vezes a preferência de um treinador em jogar nesse ou naquele sistema não é a que tem que prevalecer. Tudo depende das peças que o elenco dispõe. O Norberto e o Rai são muito mais alas do que laterais, são mais ofensivos que defensivos. Temos que ter essa preocupação na hora de armar o time. Lógico que não vamos resolver os problemas do América em dois, três treinos. O mais importante é que a equipe tenha uma postura diferente, mais agressiva, de time grande, coisa que o América já. Esse clube estava na série A até pouco tempo atrás. Precisamos nos recuperar dentro do campeonato é com esse pensamento que vamos buscar as nossas diretrizes, nossa afirmação, sempre trabalhando muito e focando o nosso trabalho.
Como fazer isso?
Esse é o momento de todo mundo trabalhar muito, o grupo inteiro precisa se sacrificar, a comissão técnica também, todo mundo se ajudando, até que possamos sair dessa situação incômoda.
O momento é de observações ou você já pediu reforços?
Vamos com calma, primeiro temos que ver o elenco. Tem jogador que nem estreou ainda. Vamos analisar as carências que a equipe tem. A verdade é que, quem vai dizer que vamos precisar contratar é o próprio time. Se o América estiver bem, não vamos precisar contratar. Se o time não estiver atravessando um bom momento, e, dentro de uma realidade financeira do que o clube pode, vamos procurar no mercado alguns reforços. Mas, com calma, não podemos dar um passo maior que a perna. Vamos dar oportunidades aos jogadores e eles que vão mostrar que merecem ficar. Depois vamos ter reuniões com a direção.
Índio Oliveira e Max vão ser avaliados por você?
Para mim, não existe essa de jogador treinar afastado. Passei 17 anos da minha vida como jogador e isso é muito ruim. Esses jogadores estão passando por uma suspensão, os dois são importantes para o clube. Conheço muito bem o Max, um jogador importantíssimo para o América, identificado com o torcedor, com o clube. O Índio Oliveira é um garoto jovem, com um potencial fantástico, de extrema capacidade e o que ele precisa é se tornar um pouco mais profissional, disciplinado. No momento em que eles estiverem livres das suas punições, vão se integrar ao elenco e pretendo usá-los na primeira partida que puder.
Desde que você chegou, o América não teve muito tempo para treinar e já tem dois jogos nessa semana. Como formar um time assim?
É um desafio. Como acertamos, sabíamos que teríamos essa sequência de jogos. A mágica é trabalhar e ganhar as partidas. Não existe outra maneira no futebol. Muito trabalho, muita dedicação. No futebol, você faz tudo certo, melhor treino, o melhor coletivo, cuida de tudo, para quê? Para correr o risco de que, em 90 minutos, as coisas dêem certo. Se a bola bate na trave e entra, tudo fica certo. Se a bola bate na trave e sai, já tem coisa errada. O treino já não foi bom, o treinador não é isso, o jogador também. Isso é o futebol.
A pressão incomoda?
Quem está no futebol, tem que se acostumar com isso. É um esporte muito competitivo, que cobra muito, elogia muito, você vai do céu ao inferno e vice versa muito rápido. O que vai ditar isso é o resultado. Quero que o torcedor entenda que vamos trabalhar de corpo e alma. O que venho fazendo, desde o primeiro dia, não é tipo. Quem me conhece, sabe que trabalho assim. Visto a camisa mesmo. A instituição sempre está acima de qualquer coisa. Temos que pensar sempre no lado coletivo e não no individual e é sempre dessa forma que iremos fazer nosso trabalho. Isso é natural.
Você cobra muito nos treinamentos. Tem que existir essa cobrança aos jogadores?
Normal, isso é o futebol. Dentro de uma linha de respeito, temos que cobrar, mostrar o que está certo ou errado. Era só lembrar como estava a nossa seleção brasileira antes do Luiz Felipe Scolari e como está agora. Essa é maneira do futebol. Por enquanto só conheço essa forma de trabalhar. Gosto de dar uma liberdade aos jogadores, mas também cobro muito. É necessário saber o momento de elogiar. Cobro meus jogadores sempre de forma interna. Defendo meus jogadores até o fim. Não contratei nenhum deles, mas, a partir do momento em que tornei técnico do América, eles foram contratados por mim. A responsabilidade é minha. Trato eles como trato meus filhos. Não são apenas rosas, às vezes existem espinhos.
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