Cercados pela tropa de choque da Polícia Militar, os últimos manifestantes que ainda se concentravam na entrada do Congresso Nacional se dispersaram por volta das 23h45 desta segunda-feira (17). A mobilização diante do prédio do Legislativo, que chegou a atrair 10 mil pessoas, de acordo com o comando da Polícia Militar, durou quase seis horas.
O protesto pacífico foi marcado por críticas a autoridades da República e atos isolados de vandalismo. A polícia, criticada pela ação nos protestos do último sábado, na abertura da Copa das Confederações, desta vez evitou reagir a provocações. As tentativas de invadir o Congresso foram contidas, no máximo, com spray de pimenta.
Um dos momentos mais tensos da noite foi quando dezenas de manifestantes furaram o cerco da polícia e invadiram a cobertura do prédio do Legislativo. Os jovens se aglomeraram na marquise do edifício para entoar gritos de ordem e estender faixas que protestavam contra os investimentos na saúde e na educação. De acordo com a PM, dois manifestantes foram presos.
Tema dos protestos
Ao longo das quase seis horas de manifestação, os jovens entoaram palavras de ordem sobre temas variados e demonstraram que o protesto era suprapartidário. Entre os alvos está a PEC 37, que limita o poder de investigação do Ministério Público e tramita na Câmara.
Os manifestantes também criticaram a presidente Dilma Rousseff e o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e pediram a saída do presidente do Senado, Renan Calheiros, e do deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Congresso Nacional, em Brasília: Manifestantes furaram o bloqueio policial na noite de ontem e invadiram a área externa do Congresso, aos gritos de “a-ha, u-hu, o Congresso é nosso” |
O jovem Pedro Henrichs, de 27 anos, disse que faria uma lista de pedidos e estabeleceu três prioridades: punição aos policiais que agrediram manifestantes em São Paulo, a abertura na Câmara de um procedimento de investigação de abusos por parte da polícia, e garantia de liberdade de manifestação.
Outro jovem chamado a negociar pediu uma "posição do governo" em relação à PEC 37 e uma reunião com deputados do DF e de cada estado da federação.
O representante da Polícia Legislativa disse que entregaria as demandas aos parlamentares e pediu que os jovens negociassem a saída dos manifestantes da porta da Câmara. No entanto, o protesto continuou, assim como a pressão pela ocupação do Congresso.
O presidente em exercício da Câmara, deputado André Vargas, afirmou que a falta de liderança e de uma pauta específica de reivindicação dificultaram as negociações.
“Ocorre que não é um movimento que tenha líderes e uma pauta de negociação. Se tivesse, é claro que ouviríamos porque essa é a casa da negociação. Não podemos infelizmente dialogar porque não dá para negociar com uma massa”, declarou.
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