michael sohnPapa Francisco é jesuíta, ordem que nunca teve um pontífice
O ex-arcebispo de Buenos Aires, ele mesmo procedente da ordem dos jesuítas, recebeu ontem mais de 9 mil pessoas, alunos de escolas jesuítas e as respetivas famílias, antigos alunos e professores da Itália e da Albânia, e respondeu, de forma improvisada e com a sua habitual simpatia, às perguntas, muitas vezes diretas e ingênuas, feitas pelas crianças.
Perguntado sobre sua recusa em instalar-se no apartamento pontifical, o papa Francisco respondeu: “Uma vez, um professor colocou-me a mesma questão, e eu lhe disse ‘por motivos psiquiátricos’”. “Para mim, é um problema de personalidade, preciso de viver rodeado de pessoas, não posso viver sozinho.” Sorrindo, ele disse que não seria bom ficar isolado no apartamento pontifical.
A propósito da sua renúncia a alguns benefícios associados ao cargo, Francisco insurgiu-se contra a persistência de grandes injustiças e disse: “Neste mundo que oferece tantas riquezas, tantos recursos, suficientes para alimentar toda a gente, não se compreende que ainda haja tantas crianças esfomeadas, sem educação, tantos pobres.”
Sobre a crise econômica que afeta a Itália, Francisco ressaltou que o momento atual é difícil em todo o mundo e que é preciso saber “ler a crise” que, segundo ele, porque é uma crise do valor dos seres humanos. Citando um relato sobre a construção da Torre de Babel pelos hebreus, o papa destacou que produzir um tijolo era difícil e cada tijolo era um verdadeiro tesouro. “Se um tijolo caísse da torre, era uma tragédia; se um homem caísse, nada acontecia.” Para ele, a crise atual é a crise da pessoa, que já não conta. Só o dinheiro conta.”
Francisco exortou também os cristãos a empenharem-se na política, dizendo é “uma obrigação dos cristãos, que não podem daí lavar as mãos, como [Pôncio] Pilatos”. “A política é a forma mais elevada da caridade, pois ela procura o bem comum”, sustentou o papa Francisco.
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